domingo, 29 de novembro de 2015

Educação Mediúnica e fraude mediúnica.



A bem dizer, a mediunidade não é invenção da Doutrina Espírita. Encontramos referências sobre a mediunidade ao longo da história da humanidade, tendo sido classificada como fenômeno demoníaco ou milagroso. No século XIX, Allan Kardec ao estudar os fenômenos de intercâmbio entre o  mundo dos vivos e o chamado mundo dos mortos, veio mostrar que a mediunidade é uma faculdade natural do homem, que todos a tem em maior ou menor grau e que não é necessário recitar fórmulas para que ela possa manifestar-se promovendo as relações entre os planos terrestre e espiritual. Para que se possa exercitá-la com honestidade e segurança faz-se necessário estudo, equilíbrio, planejamento, organização, ou seja, educação.

O que é educação mediúnica?

A Educação mediúnica é o mecanismo ideal e necessário para que a faculdade possa ser produtiva.  A mediunidade promove o progresso espiritual e uma maior compreensão de mundo; sendo a mediunidade  uma troca edificante de experiências devido ao processo de interação com o mundo dos espíritos, estando esse mecanismo devidamente harmonizado, terá como consequências a prática da caridade e a certeza na sobrevivência após a morte do corpo físico. Mediunidade é comunicação e de acordo com Herculano Pires, se desenvolve de modo natural naqueles que apresentam uma maior sensibilidade para captar as energias que partem do plano espiritual.

Ainda citando Herculano, a mediunidade é um fenômeno sempre em movimento, que se atualiza através dos pressentimentos e previsões, mesmo as mais simples.

O contato com o mundo espiritual é permanente e segundo Kardec, ele se dá durante o estado de vigília e também durante o sono.

Conclui Herculano que a mediunidade é a manifestação do espírito através do corpo, pois durante o ato mediúnico manifesta-se tanto o próprio espírito do médium quanto o espírito que dele se aproxima para dar sua comunicação.

No entanto, para que este processo possa se dar sem problemas de grandes proporções, existe a necessidade de promover a disciplina desse processo de relação que é a educação mediúnica.

Manoel Philomeno de Miranda recomenda que o desenvolvimento mediúnico deve ser permitido apenas àquele que adquira conhecimento lógico e lúcido através do estudo de O Livro dos Médiuns, ou seja, àquele que busque educar seu modos e visão sobre a mediunidade a fim de que possa aprimorar-se visto ser uma disposição orgânica profundamente arraigada aos valores morais do Espírito.

Quem se propõe desenvolver sues dons mediúnicos deve estar ciente que precisa trabalhar seu caráter e seus pendores morais pois quanto mais esclarecido caminhará na observância de si mesmo detectando onde ainda precisa melhorar-se.

A educação mediúnica é para toda a vida, é processo de lucidez e discernimento, sem isso, não consciência plena há apenas mistificação e personalismo.
Para que serve a educação mediúnica?

Para tornar proveitoso e produtivo o ato mediúnico, serve para o médium controlar os seus e os impulsos da entidade comunicante, serve para promover a segurança e o respeito ao próximo.  A questão é que muitos médiuns não veem como necessário educar-se por julgar que sendo médium tem conhecimento sobre tudo o que diz respeito ao Espiritismo. Para estes a mediunidade é uma espécie de santificação, tornam mítico e falso um ato puramente natural.  A mediunidade não é um instrumento para o médium julgar-se melhor que os outros, pelo contrário, é um instrumento que vem para ajudar na reforma íntima do indivíduo que almeja progresso espiritual.

Sem educação mediúnica as criaturas estão muito mais propensas a julgar-se um deus e a fingir uma comunicação. Muitos por sentirem vergonha de sentar a uma mesa mediúnica e não conseguir contato com o além e outros por má fé. Ambos são perigosos, mas o pretenso espírita que age de má fé não só demonstra sua falta de caráter como põe em ridículo a Doutrina. Se a mediunidade é um fenômeno espontâneo, mais ainda o deve ser o médium que é um ser humano e espiritual em processo de aprendizado. Fingimento é artifício de indivíduos desonestos.

Podemos pensar que são poucas as pessoas que se dão a tais ações, mas infelizmente, a assertiva não é verdadeira.  O médium mistificador e mentiroso se encontra em qualquer lugar, este caracteriza-se por fingir, premeditar de modo consciente que se encontra sob transe mediúnico. Na realidade inventa uma comunicação para tentar ridicularizar os companheiros de trabalho, ou como já citado, para não se sentir constrangido por não ter uma mediunidade mais ostensiva.

Não se pode confundir fraude com animismo. O animismo é uma expansão do próprio espírito do médium, são incursões em seu subconsciente a fraude é fingimento, é trapaça.

Os espíritos advertem através de Kardec que as fraudes podem ter consequências desagradáveis, as pessoas que assim agem, coloca Kardec, são gracejadores de mau gosto e se fazem mais presentes em reuniões levianas e frívolas, pois em locais sérios só se admitem pessoas também sérias.

O médium sem educação e que se compraz em fraudar a ação mediúnica deve ser tratado e conscientizado de sua necessidade de instruir-se e suas comunicações  ou mensagens escritas devem ser submetidas a criterioso exame critico e lúcido a fim de verificar se tem objetividade ou se não passam de parvoíces ilustradas do próprio médium em seu processo de tapeação.  O exercício fraudulento da mediunidade parte de pessoas que bem pouco compreendem a necessidade de burilamento moral, revelam sua condição de ignorância.
            
           A educação da mediunidade, seu estudo e compreensão da reforma moral, podem estimular a que se trabalhe o intercâmbio com o mundo invisível de modo seguro e sem simulações. Mas, diz Kardec, este processo poderá ocorrer desta forma se não houver por parte do médium nenhum interesse material em jogo.


Mais sobre este assunto poderá se visto em O Livro dos Médiuns – Allan Kardec, Diversidade de Carismas e Mediunidade – Vida e Comunicação ambos de autoria de Herculano Pires e Mediunidade: desafios e bênçãos – Manoel Philomeno de Miranda.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Inimigos desencarnados 2

Na continuidade do estudo sobre os inimigos desencarnados, é forçoso lembrar das influências no meio espírita.

No Evangelho temos o lembrete para não acreditarmos em todos os espíritos, mas para comprovar primeiro se os espíritos são de Deus. Porém, à primeira vista, tal não ocorre.

Em uma rápida rememoração, no ano de 1875, o Espiritismo passou por uma prova de fogo, quando, o então presidente da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, Pierre-Gaëtan Leymarie, que assumira o cargo após a morte de Allan Kardec, fora a julgamento acusado de promover e disseminar fraudes sobrenaturais no famoso acontecimento das fotografias dos espíritos. Neste episódio, estiveram envolvidos além de Leymarie, o fotografo Edouard Isidore Buguet médium de efeitos físicos e o médium americano Firman.

Consta que, antes desse episódio, Leymarie publicou na Revista Espírita, uma série de artigos sobre as fotografias dos espíritos, ilustradas com notas informativas das pessoas que posavam junto às quais aparecia a imagem de um ente querido, parente ou amigo, já desencarnado. Havia uma ânsia de fazer crescer a circulação da revista e Buguet tinha em mente ficar rico com a venda das tais fotografias. Em um dos volumes da Revista Espírita fora publicado a fotografia da viúva de Kardec, Amélie Boudet, na qual segurava uma mensagem e nesta se via a imagem do que seria Allan Kardec em espírito.

Na verdade, todo o processo e também o julgamento, tinham como objetivo levar a Doutrina Espírita ao ridículo. Buguet, condenado a um ano de prisão e multa de 500 francos, fugiu para a Bélgica; Firman, julgado por trapaças, condenado a seis meses de prisão e multa de 300 francos, foi posto em liberdade através de influências políticas e Leymarie, também condenado a um ano de prisão e multa de 500 francos, foi o único que cumpriu toda a pena.

Este episódio pouco conhecido dos espíritas serve de alerta sobre as graves consequências da mediunidade remunerada e também sobre as fraudes mediúnicas, bem como, sobre a necessidade de preparo intelectual e moral dos médiuns e demais trabalhadores da casa espírita, contra a influência das inteligências maléficas, encarnadas e desencarnadas, como também sobre a presunção daqueles que se julgam médiuns notáveis e que por isso não estão sujeitos às más influenciações.

Os sinais da inferioridade moral do médium e demais trabalhadores de uma casa espírita são visíveis, porém, estes, se escondem sob um manto de beatitude. Julgando-se profundos conhecedores da natureza íntima das entidades, bem como inveterados conhecedores da Doutrina, abrem espaço para que o mal se aproxime e se instale disfarçado de cordeiro.

Um prenúncio de que a interferência existe é quando a discórdia chega e reina no núcleo de trabalho. Estendendo-se com tentáculos vigorosos ante a negligência dos encarnados, não demora a acontecer o racha entre os trabalhadores instigados pela desconfiança, que leva ao isolamento, legando a casa a um vazio de frequentadores, de trabalhadores bem intencionados e de espíritos benignos.

Mas, voltando aos sinais que anunciam a tragédia: personalismo, individualismo, egoísmo, preguiça, luxúria, cobiça, gula, ira, inveja e orgulho. Ao manifestarem-se, arrastam os incautos, principalmente os que julgam estarem orientados por bons espíritos e que não aceitam opiniões em contrário.

Da desconfiança vem a intriga, o desânimo, a desmotivação para a continuidade dos trabalhos, o mal estar dos que não aceitam a situação, o desvirtuamento da doutrina com a introdução de modismos como água fluidificada denominada de especial, pois segundo algum médium da casa, os espíritos colocam medicamentos mais fortes para a sustentação física das pessoas.

Em um meio onde a conturbação e as interpretações dos postulados espíritas ficam ao bel prazer de dirigentes e outros trabalhadores o melindre é rei e a entidades infelizes, vivamente de plantão, pegam o incauto naquilo que ele apresenta de “melhor”: aguçam-lhe o amor próprio fazendo com que se apeguem cada vez mais a seus pontos de vista, insuflam a vaidade. É neste ponto, que os espíritas se transformam em verdadeiras legendas como bem explana André Luiz, inacessíveis às mudanças, pois só o pensamento de um é que pode prevalecer, burocratizam as reuniões e esse um, busca congregar todas as atividades da casa para si, por julgar que outro companheiro não tem mérito espiritual suficiente para a execução de determinada tarefa ou que quer confiscar seu cargo.

Afinal o que falta a dirigentes e trabalhadores de um modo em geral nas casas espíritas? Primeiro a humildade de reconhecer que sendo humanos estão sujeitos a todo e qualquer tipo de influência e que não são os donos do mundo; falta meditação para o autoconhecimento, menos arrogância e mais estudo sobre a Doutrina; falta boa vontade para promover uma reforma moral que os levem a fazer da casa espírita um ambiente respeitável.

Allan Kardec adverte em O Livro dos Médiuns que o melhor meio de expulsar os maus espíritos é atrair os bons, para isso é preciso transformação dos sentimentos, aproveitando todas as oportunidades de praticar o bem, entendendo que praticar o bem não é apenas promover assistencialismo através da distribuição de pão e sopa, é abandonar a vaidade, a cólera e auxiliar com amor os que vão em busca de socorro.

Inimigos desencarnados

Os inimigos desencarnados, não só nos espreitam como, via de regra, comandam as nossas vidas. Justamente por isso, Allan Kardec perguntou: Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?

Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem. L.E. p. 459.

Durante a Idade Moderna, a igreja reviveu crenças medievais, entre elas a arte de bem morrer. O bem morrer significava para o crente, que sua alma seria salva, pois seus pecados seriam perdoados. Multiplicaram-se nesse período os manuais que ensinavam como viver para que se pudesse bem morrer, mas, por trás dessa salvação, estava um grande mecanismo que envolvia dinheiro e compra de um lugar no paraíso. Acompanhando os manuais, estava a iconografia da morte onde a alma do moribundo era disputada de um lado pelos anjos e por outro pelos demônios.

A Doutrina Espírita veio tirar o véu que pairava sobre essas crenças mostrando que colheremos no futuro de acordo com a nossa plantação no presente e que os inimigos, outrora representado pelo demônio que disputava a alma do futuro defunto, é na realidade a alma dos homens que ainda não alcançou conhecimentos e que permaneceu ligada ao mal. Logo, esse inimigo desencarnado é alguém com o qual tivemos contendas em vidas passadas e que nos alcança no presente exigindo um reajuste e quando o processo de perseguição não é devidamente tratado e o perdão sincero não se faz entre as almas conturbadas, estarão eles à nossa espera quando estivermos na proximidade da morte do corpo físico.

São espíritos ainda presos à matéria, mas que, permanece ao lado de sua pretensa vítima encarnada, por esta recusar-se à mudança necessária, para seu próprio crescimento. As obsessões ocorrem por afinidade energética, e quando não procuramos ocupar nossa mente com coisas que tragam harmonia, deixamos a porta aberta para que desocupados do mesmo quilate se aproximem. Manter a mente vazia, aliás, vazia não, cheia de inutilidades só trará depressão, conflito, pessimismo atraindo para si aqueles que se encontram no mesmo processo mental.

E, não apenas os chamados inimigos do passado nos perturbam. Allan Kardec em O Livro dos Médiuns esclarece que os espíritos ainda afeitos ao mal, assediam as pessoas pelo simples prazer de perturbar-lhes a vida, mesmo sem ter motivos do passado ou do presente. Como respondeu um desses espíritos ao ser inquirido, “Tenho uma necessidade muito grande de atormentar alguém; uma pessoa racional me repeliria; agarro-me a um idiota que não me opõe nenhuma resistência”. L.M. Cap. 23, p. 227.

A ação dos desencarnados sobre encarnados, no início é sutil e como nem sempre é percebida, vai dando origem a doenças imaginárias e que podem se tornar graves e irreversíveis, pois atacam o lado psicológico. Mas também se concretizam em forma de males físicos, visto que, a mente doentia gera o processo para o corpo, ajudado pelo assédio do desencarnado que logrará enviar energias deletérias para determinado órgão, minando as forças do encarnado.

Não existe uma hora pré-determinada para a ação dos desencarnados começar, porém de um processo simples onde a sintonia telepática com o encarnado se ajusta, evolui para um processo de fascinação no qual o invasor vai se tornando íntimo dominando sua vitima. Deste passo para a subjugação não demorará, neste ato, a entidade desencarnada domina totalmente, enfraquecendo o livre-arbítrio do encarnado que perde a lucidez e o discernimento.

Enquanto ainda se encontrava nas primeiras fases, a reforma moral ajudaria bastante a afastar o invasor, entretanto, uma vez instalado um processo de subjugação, ainda há jeito possível, mas assaz demorado, levando o encarnado a sofrer um tempo maior. Diga-se de passagem, alguns casos não tem cura e a pessoa passa a vida entre melhoras e pioras, pois a depender da conjuntura, medicamentos e tratamentos ajudarão a aliviar.

A forma de agir das entidades desencarnadas se dá através de induções diversas que levam a medos e incertezas e algo chama a atenção nos processos obsessivos, o ódio. Segundo Charles Darwin, as raízes do ódio residem na vingança e na defesa dos próprios interesses. Percebe-se assim, que esta, a obsessão, não é uma progressão puramente literal ou mesmo isolada.

As obsessões, portanto ocorrem, por negligência, seja no passado ou no presente. Para que possamos ficar livres do rancor e do autoritarismo do outro, precisamos de uma auto-análise e detectar em nós os processos doentios, como o orgulho, que apontamos no outro. Muitos males e sentimentos infelizes ainda jazem em nós e são por certo, não só o imã para a atração daqueles que se sentem no direito de cobrar reparações a situações do passado, como também é um atrativo para as inimizades feitas no presente que legarão obsessões do mesmo teor em vida futura.

A resolução está na aquisição de conhecimentos edificantes e na mudança de pensamentos e atos, naquilo que convencionamos chamar de Reforma Íntima, pouco compreendida, pouco praticada. Arrisco-me a dizer que, pelo que se vê no movimento espírita atual, bem poucos compreendem o que significa reformar-se e uma parcela ínfima tenta. Falar em perdão todos falam, praticá-lo, um verbo que não se conjuga.

Trecho o discurso proferido por Camille Flammarion no sepultamento de Allan Kardec.



O discurso completo encontra-se disponível no livro Obras Póstumas.

"Allan Kardec foi homem de ciência, que, sem dúvida, não teria podido prestar esse primeiro serviço, e espalhá-lo, assim, a distância como um convite a todos os corações. Mas era o que eu chamaria simplesmente de “o bom senso encarnado”. Razão reta e judiciosa, aplicava sem esquecimento à sua obra permanente as indicações íntimas do senso comum. Não estava ali uma qualidade menor, na ordem das coisas que nos ocupam. Ele era, pode-se afirmá-lo, a primeira de todas e a mais preciosa, sem a qual a obra não teria podido tornar-se popular, nem lançar suas imensas raízes no mundo. A maioria daqueles que se dedicaram a esses estudos, lembraram-se de ter sido na sua juventude, ou em certas circunstâncias especiais, testemunhas, eles próprios, de manifestações inexplicáveis; há poucas famílias que não tenham observado na sua história testemunhos dessa ordem. O primeiro ponto era aplicar nisso a razão firme do simples bom senso, e de examiná-los, segundo os princípios do método positivo."

Mediunidade

Estudar a Mediunidade entender os seus mecanismos e educar sua ação são fundamentais para a formação de um médium consciente, entretanto, não basta apenas ser um bom médium se não buscar a reforma moral.

Os trabalhadores da seara espírita nem sempre dão importância para o item moral, por achar que este fator não trará influência alguma sobre a prática mediúnica e apesar das advertências que partem de encarnados e desencarnados, permanecem na ilusão de que apenas a prática ostensiva do fenômeno já os torna bons e profundos conhecedores da Doutrina. E isso é claramente notado na arrogância com a qual se exprimem ao falar sobre determinado assunto, querendo passar a imagem de grandes conhecedores quando na realidade nunca ouviram falar e ainda criticam com azedume o companheiro que lhes tenta esclarecer. É como a história da música popular que fala do caviar... Mas pelo menos nesta, existe a honestidade do interlocutor que diz que não conhece e nunca comeu, só ouviu falar.

O estudo que poderá dar maiores condições para o aprimoramento moral e intelectual do médium é esquecido e, poderá até demorar, mas, uma hora, serão fortemente influenciados por espíritos ainda em condições morais inferiores. Por outras vezes, a influenciação já existe, porém a falta de conhecimento sobre essa ação, não os deixa perceber a sua existência. É preciso entender, que ainda não alcançamos graus superiores de elevação e que por isso mesmo é muito fácil se aproximarem de nós aqueles que se encontram na mesma faixa vibratória. Se essa vibração for superior, atrairemos para o nosso lado entidades boas, se for inferior destilando raiva, violência e maledicência espíritos do mesmo quilate, ou seja, inferiores.

Não existem médiuns essencialmente perfeitos, existem médiuns que já tomaram consciência da necessidade de se aprimorar e que sabem que esse processo só poderá se fazer através da reforma moral aliada à aquisição de conhecimentos.

Analisar as mensagens, sejam escritas ou não, é um critério ligado ao bom senso, seja qual for o desencarnado que a traga. É preciso fugir do personalismo altamente prejudicial em todos os âmbitos, pois ele cega e não deixa que o bom senso perceba as armadilhas que a ilusão produz. Mensagens elogiosas para o médium ou para algum trabalhador da casa devem ser metodicamente analisadas à luz da razão, mesmo que aquele que as assine se diga o próprio Allan Kardec, e neste sentido é que o senso de desconfiança deve mesmo se sobrepor, pois o mestre de Lyon era altamente cauteloso e se observava e questionava detalhadamente cada comunicação que lhe chegava, com toda certeza não estaria hoje no mundo espiritual rasgando elogios a encarnados que ainda não aprenderam o simples significado do vocábulo discernimento.

Flagelos

Diante das tragédias, ocasionadas por fenômenos naturais ou por negligência do homem, pensemos na justiça Divina e façamos uma prece por aqueles que perecem ou que permanecem no corpo em agonia lutando por um novo começo no mundo físico. Urge a solidariedade sincera que surge como forma de aprendizado para todos. Solidarizemo-nos com as vítimas do desastre de Mariana e tenhamos em mente que o meio ambiente afetado na região legará grandes consequências para todos nós.

Mediunidade, animismo ou esquizofrenia?

Mediunidade, animismo ou esquizofrenia? Ponto de suma importância para ser analisado nas casas espíritas, visto que grande parte dos fenômenos tidos por mediúnicos estão no campo do animismo ou da esquizofrenia. Apesar dos indícios fenomênicos serem semelhantes, uma análise mais apurada revelará o sentido da manifestação. A realidade é que em grande parte dos núcleos espíritas reina a confusão pela falta de estudos.

Na esquizofrenia as percepções estão alteradas, ocorre uma alucinação e as respostas dadas pelo esquizofrênico são emocionalmente distorcidas e via de regra, estes se isolam da realidade.
No animismo os fenômenos são produzidos de modo consciente ou inconsciente pela própria pessoa, ou seja, são os pensamentos do passado que vêm à tona. Já na mediunidade o ser não perde sua capacidade de interação com o mundo real e as mensagens possuem um conteúdo concreto e lógico que não se perdem ao serem analisadas de modo objetivo e lúcido. É preciso, entretanto ter cuidado com os médiuns que caem nas raias do fanatismo, que não tem controle sobre as comunicações visto que, neste vasto mundo da mediunidade, poucas são as mensagens realmente aproveitáveis que trazem os esclarecimentos necessários para o equilíbrio e harmonia não só do núcleo espírita como também dos seus frequentadores.

Fraudes Mediúnicas

Decerto que fraudes mediúnicas sempre houve e enquanto houver médiuns mal informados e mal intencionados sempre estaremos sujeitos a elas. A questão é que o médium mal intencionado vem a ser muito mais perigoso que o mal informado, porque podemos relevar a questão de sua ignorância, mas não está tão isento de culpa porque tem o dever de estudar.

Participar do movimento espírita, perceber as práticas nada ortodoxas que levam ao seu seio e combatê-las vem a ser uma dura missão. Mesmo que esse combate se faça, como pregou Herculano Pires, através de palestras, livros e artigos aquele que se aplica a esse serviço, deverá ter em mente que assim como o próprio Herculano e outros, será difamado e execrado.

O ideal seria que houvesse um movimento mais unido, harmônico em torno do combate aos achismos passados como se fosse Espiritismo, mormente no que diz respeito às práticas mediúnicas eivadas de misticismo e curandeirismo que procurasse denunciar . Mas, no mesmo movimento, damos de cara com os que acusam ser falta de caridade apontar os achismos dos outros. Desta forma, fica realmente muito complicado levar Kardec às casas espíritas – onde na realidade nunca esteve, visto que, as práticas aliadas a Roustaing se encontram nas bases federativas.

Leitura recomendada, O Livro dos Médiuns. Disponível no link abaixo.

http://siteespirita.com.br/downloads/livrodosmediuns.pdf

Dia de Finados



Historicamente o dia de finados tem seu inicio marcado no século V, quando a igreja criou uma data para que as pessoas pudessem render homenagem aos entes queridos que já houvessem partido, mas a data só foi oficializada pela igreja no século XI.

Léon Denis em O Gênio Céltico e o Mundo Invisível explica que a fixação de uma data especifica para homenagear os mortos tem origem com os druidas . Para o Espiritismo sendo a alma imortal e que se desprende dos despojos físicos após o desenlace, permanecendo, portanto viva, não há muito sentido em ir a cemitérios, visto que, o culto à memória poderá ser feito em qualquer lugar. Nos túmulos restam apenas os ossos de um corpo em que um dia a alma habitou para dar cumprimento à sua missão na Terra. A manifestação de saudade, carinho e respeito de acordo com os espíritos, sensibiliza, entretanto, não é necessário ser um compromisso com data e hora marcado, sendo a prece, o maior símbolo de respeito e homenagem que podemos dar aos que já se encontram no plano espiritual.

O dia para essa homenagem aos mortos não é na mesma data no mundo inteiro. No México a comemoração tem início dia 31 de outubro com término 2 de novembro; em Portugal os ritos pelo dia de finados é dia 1 de novembro assim como na Espanha; no Japão dia 15 de agosto, tendo província que comemora 15 de julho.

Obsessão

Seria engraçado, mas infelizmente é trágico. A obsessão grassa em todos os espaços, logo, porque a casa espírita e seus trabalhadores estariam imunes ao assédio dos Espíritos?

É ponto concorde na literatura espírita que os agrupamentos que buscam levar um trabalho de conscientização e equilíbrio são os mais visados pelas esferas inferiores. Porém, ao que tudo indica, os trabalhadores da causa Espírita, imbuídos do espírito da vaidade de que são conhecedores da natureza íntima dos espíritos e de que estão protegidos por terem esse conhecimento, desdenham os alertas.

Mas que incautos! Muito facilmente são envolvidos na rede de obsessões, pois, os espíritos desencarnados, conhecem bem mais o lado de cá, do que nós o lado de lá.

Arrojados por uma capa de santidade, principalmente dentro da casa Espírita, mas prepotentes e vaidosos por dentro, julgam que fazer palestras que suponham brilhantes e inteligentes, dar passes e incorporar espíritos já os coloca em uma poltrona sentados do lado direito do Criador.

E a situação tende a complicar e tornar-se insuportável, quando são os dirigentes e coordenadores as vitimas da obsessão, ainda mais quando esse dirigente se diz em contato direto com Jesus que lhe delegou uma brilhante mediunidade para fazer curas, incorporar apenas espíritos de luz, psicografar mensagens cujo teor não passa de elogios banais a fatos corriqueiros da matéria e incentivar a que transforme a casa Espírita em mais um templo religioso onde a Ave Maria, o Pai Nosso e o Credo são constantes e recitados em conjunto pelo coro de frequentadores amorfos que nem mesmo para uma pequena prece são voluntários. Hipnotizados pela ilusão, não percebem um palmo adiante do nariz e nem aceitam os alertas que partem dos mais equilibrados que logo são acusados de estarem sob influência de forças malignas para desestruturar o trabalho do bem.

O Espiritismo agoniza liderado por incompetentes místicos e sem estudo das Obras Básicas, pois que leem e recomendam apenas a literatura que podemos chamar de “fast-food” e já se arvoram de profundos conhecedores de todos os meandros da Doutrina Espírita.

Comportamento do espírita

Ao que consta, a Doutrina Espírita veio mostrar a necessidade de o homem redimir-se, educando-se para a correção dos erros pretéritos, buscando confraternizar-se com os desafetos do passado e não procurando fazer outros na vida presente, bem como trabalhar os sentimentos mesquinhos promovendo a chamada Reforma Íntima.

Muitos sobem ao palanque espírita disfarçados de brilhantes oradores, proferindo palestras com uma crosta de humildade e muitas palavras bonitas, porém vazias... Tentando convencer aos outros de que é um trabalhador exemplar do movimento espírita e uma boa pessoa no dia-a-dia, enganam até a si mesmos, visto que, caem no jargão da mentira contada e neste caso, também pensada, várias vezes, até que vire uma verdade... Solidários e amigos... até demais, porém, a uma rápida observação, vê-se que a bondade só é exercida quando há interesses pessoais em jogo. Em sentido paralelo, vemos as casas espíritas brigarem por público transformando o espaço que deveria ser de comunhão, em um ringue e não fica apenas nisso, as casas espíritas estão se transformando em um local onde o senso do capitalismo, da “minha farinha primeiro” fala mais alto.

No bojo deste processo, vemos os “irmãos/companheiros” sentirem-se satisfeitos, quando os que julgam ser seus concorrentes não obter sucesso em algum empreendimento. O que implica em dizer que apesar de se vangloriarem de anos de estrada no trabalho espírita, nada aprenderam: caridade, humildade, respeito, solidariedade são palavras que não existe no dicionário pessoal, apenas no dos outros, quando cobram que ajam respeitosamente consigo. A Doutrina para estes é uma forma de encobrir sua verdadeira face, a da maledicência aliada à arrogância. Eis outro ponto que denota a falta de aprendizagem, a verdadeira vitória não é receber louros e ter o ego inflado, a verdadeira vitória é a da perseverança no trabalho do bem, é ter a certeza de que se tenta viver a Doutrina dentro dos padrões propostos pelos Espíritos Superiores, é não se sentir vitorioso diante da ignorância alheia, é não se arvorar em grande conhecedor da natureza humana e dos espíritos, pois no fundo, a uma simples e lúcida observação, percebe-se que não passam de mentes enganadas pela própria incompetência.

Trabalhador espírita

O trabalhador da causa Espírita, que estude Kardec e logo tenha consciência do que seja o Espiritismo, percebe que a Doutrina vem sofrendo duros golpes, seus detratores entretanto, não são apenas externos, mas sobretudo internos. Aqueles que deveriam zelar pelo bom nome do Espiritismo e procurar divulgar de modo equilibrado e coerente o legado de Kardec, são os primeiros a desmoralizá-la.

Viajando pelo país e visitando algumas agremiações espíritas, notamos o quanto a Doutrina vem sendo substituída por outros movimentos religiosos. Lê-se e cultua-se de tudo e Kardec, não passa de um mero desconhecido. A prova disso é clara, basta adentrarmos algumas casas espíritas para assistir uma palestra e damos de cara com palestrantes arrogantes, que arvoram-se de grandes e profundos conhecedores do Espiritismo, mas que entretanto pecam pela falta de ética, ao citar em público as mazelas alheias o que comprova que a humildade pregada pela Doutrina, destes passou bem longe.

Outra prática comum e corroborada pelas palmas de dirigentes e frequentadores é a apresentação de PowerPoint com imagens de santos e anjos cercados de borboletas e flores que brilham e dançam sem contar com a interminável prática de fazer o Pai Nosso em uníssono sem que se perceba um sentido mais profundo que não o da mera formalidade religiosa, justificado pela liberdade de expressão religiosa.

Ainda há os palestrantes shows, que enchem de músicas românticas e pseudo-religiosas as palestras e andam de modo efusivo segurando e gritando ao microfone, como não se vê nem mesmo em palestras de cunho motivacional. Afinal o que se passa nas casas espíritas? A necessidade de ter adeptos é tão grande assim? Onde está Kardec? A mistura de religiões e seitas chegou a tal ponto dentro de agrupamentos que se dizem espírita, que o nome que ostentam em placas, de Espírita, deveria, ser trocado para Espiritualista ou simplesmente SPA, tamanha procura em prol de curar o corpo.

Misticismo e assistencialismo exacerbados, práticas mediúnicas assaz duvidosas pois que médiuns deseducados, que não estudam logo despreparados arvoram-se de dar passividade e psicografar apenas mensagens de espíritos de luz que vem à Terra para orientá-los. Com se colocam no pedestal de grandes conhecedores da natureza íntima dos espíritos, não aceitam nem pensar que possam estar sendo vítimas de uma ilusão. Ilusão essa causada por sua própria negligência em se achar superiores, melhores e tão conhecedores da Doutrina Espírita que jamais leram Kardec, pois este está ultrapassado, ficou no século XIX. A Doutrina Espírita não merece a falta de respeito que o movimento lhe impõe.

Um pouco da história do Espiritismo

Em 16 de Junho de 1875, após o desencarne de Allan Kardec, o Espiritismo sofre o grande golpe que o leva a ser visto como mais uma seita fraudulenta na França. Envolvido em um processo que tinha como objeto as chamadas fotografias dos espíritos, o Espiritismo foi processado e julgado na figura do então presidente da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas Pierre-Gaëtan Leymarie. Sua diligente esposa, Madame Marina Leymarie reuniu todos os documentos no decorrer do julgamento que deram origem ao livro O Processo dos Espíritas.

A obra encontra-se disponível para download em sites de livros espíritas gratuitos e é recomendado a todos os espíritas, pois este acontecimento, pouco conhecido do movimento espírita, nos serve de alerta sobre as graves consequências que podem advir da mediunidade remunerada e das fraudes mediúnicas perpetradas por médiuns mal preparados, intelectual e moralmente, bem como demonstra de modo claro e conciso que médiuns considerados notáveis também cometem erros.

Herculano Pires

Herculano Pires, grande estudioso da Doutrina Espírita, aquele que possivelmente, entre os espíritas, foi o que melhor entendeu o Espiritismo e lutou veementemente por uma Doutrina sem dogmas e aparatos religiosos. Nunca se conformou com a deturpação da Doutrina levada a efeito pelos próprios espíritas. Apresentou a Pedagogia Espírita ao mundo, demonstrando de forma prática a eficácia de uma educação espírita na formação do homem e em sua evolução enquanto espírito. Herculano Pires, um grande homem, um espírita exemplar.

http://www.herculanopires.org.br/editor…/tomadadeconsciencia

O Espiritismo não é seita

O Espiritismo não dogmatiza; não é uma seita nem uma ortodoxia. É uma filosofia viva, patente a todos os espíritos livres, e que progride por evolução. Não faz imposições de ordem alguma; propõe, e o que propõe apóia-se em fatos de experiência e provas morais; não exclui nenhuma das outras crenças, mas se eleva acima delas e abraça-as numa fórmula mais vasta, numa expressão mais elevada e extensa da verdade.


Léon Denis