A
bem dizer, a mediunidade não é invenção da Doutrina Espírita. Encontramos
referências sobre a mediunidade ao longo da história da humanidade, tendo sido
classificada como fenômeno demoníaco ou milagroso. No século XIX, Allan Kardec
ao estudar os fenômenos de intercâmbio entre o
mundo dos vivos e o chamado mundo dos mortos, veio mostrar que a mediunidade
é uma faculdade natural do homem, que todos a tem em maior ou menor grau e que
não é necessário recitar fórmulas para que ela possa manifestar-se promovendo
as relações entre os planos terrestre e espiritual. Para que se possa
exercitá-la com honestidade e segurança faz-se necessário estudo, equilíbrio,
planejamento, organização, ou seja, educação.
O que é educação
mediúnica?
A
Educação mediúnica é o mecanismo ideal e necessário para que a faculdade possa ser
produtiva. A mediunidade promove o progresso
espiritual e uma maior compreensão de mundo; sendo a mediunidade uma troca edificante de experiências devido ao
processo de interação com o mundo dos espíritos, estando esse mecanismo
devidamente harmonizado, terá como consequências a prática da caridade e a
certeza na sobrevivência após a morte do corpo físico. Mediunidade é
comunicação e de acordo com Herculano Pires, se desenvolve de modo natural
naqueles que apresentam uma maior sensibilidade para captar as energias que
partem do plano espiritual.
Ainda
citando Herculano, a mediunidade é um fenômeno sempre em movimento, que se
atualiza através dos pressentimentos e previsões, mesmo as mais simples.
O
contato com o mundo espiritual é permanente e segundo Kardec, ele se dá durante
o estado de vigília e também durante o sono.
Conclui
Herculano que a mediunidade é a manifestação do espírito através do corpo, pois
durante o ato mediúnico manifesta-se tanto o próprio espírito do médium quanto
o espírito que dele se aproxima para dar sua comunicação.
No
entanto, para que este processo possa se dar sem problemas de grandes
proporções, existe a necessidade de promover a disciplina desse processo de
relação que é a educação mediúnica.
Manoel
Philomeno de Miranda recomenda que o desenvolvimento mediúnico deve ser
permitido apenas àquele que adquira conhecimento lógico e lúcido através do
estudo de O Livro dos Médiuns, ou seja, àquele que busque educar seu modos e
visão sobre a mediunidade a fim de que possa aprimorar-se visto ser uma
disposição orgânica profundamente arraigada aos valores morais do Espírito.
Quem
se propõe desenvolver sues dons mediúnicos deve estar ciente que precisa
trabalhar seu caráter e seus pendores morais pois quanto mais esclarecido caminhará
na observância de si mesmo detectando onde ainda precisa melhorar-se.
A
educação mediúnica é para toda a vida, é processo de lucidez e discernimento,
sem isso, não consciência plena há apenas mistificação e personalismo.
Para que serve a
educação mediúnica?
Para
tornar proveitoso e produtivo o ato mediúnico, serve para o médium controlar os
seus e os impulsos da entidade comunicante, serve para promover a segurança e o
respeito ao próximo. A questão é que
muitos médiuns não veem como necessário educar-se por julgar que sendo médium
tem conhecimento sobre tudo o que diz respeito ao Espiritismo. Para estes a mediunidade
é uma espécie de santificação, tornam mítico e falso um ato puramente natural. A mediunidade não é um instrumento para o
médium julgar-se melhor que os outros, pelo contrário, é um instrumento que vem
para ajudar na reforma íntima do indivíduo que almeja progresso espiritual.
Sem
educação mediúnica as criaturas estão muito mais propensas a julgar-se um deus
e a fingir uma comunicação. Muitos por sentirem vergonha de sentar a uma mesa
mediúnica e não conseguir contato com o além e outros por má fé. Ambos são
perigosos, mas o pretenso espírita que age de má fé não só demonstra sua falta
de caráter como põe em ridículo a Doutrina. Se a mediunidade é um fenômeno
espontâneo, mais ainda o deve ser o médium que é um ser humano e espiritual em
processo de aprendizado. Fingimento é artifício de indivíduos desonestos.
Podemos
pensar que são poucas as pessoas que se dão a tais ações, mas infelizmente, a
assertiva não é verdadeira. O médium
mistificador e mentiroso se encontra em qualquer lugar, este caracteriza-se por
fingir, premeditar de modo consciente que se encontra sob transe mediúnico. Na
realidade inventa uma comunicação para tentar ridicularizar os companheiros de
trabalho, ou como já citado, para não se sentir constrangido por não ter uma
mediunidade mais ostensiva.
Não
se pode confundir fraude com animismo. O animismo é uma expansão do próprio
espírito do médium, são incursões em seu subconsciente a fraude é fingimento, é
trapaça.
Os
espíritos advertem através de Kardec que as fraudes podem ter consequências
desagradáveis, as pessoas que assim agem, coloca Kardec, são gracejadores de
mau gosto e se fazem mais presentes em reuniões levianas e frívolas, pois em
locais sérios só se admitem pessoas também sérias.
O
médium sem educação e que se compraz em fraudar a ação mediúnica deve ser
tratado e conscientizado de sua necessidade de instruir-se e suas comunicações ou mensagens escritas devem ser submetidas a criterioso
exame critico e lúcido a fim de verificar se tem objetividade ou se não passam
de parvoíces ilustradas do próprio médium em seu processo de tapeação. O exercício fraudulento da mediunidade parte
de pessoas que bem pouco compreendem a necessidade de burilamento moral,
revelam sua condição de ignorância.
A educação da mediunidade, seu estudo e compreensão da
reforma moral, podem estimular a que se trabalhe o intercâmbio com o mundo
invisível de modo seguro e sem simulações. Mas, diz Kardec, este processo
poderá ocorrer desta forma se não houver por parte do médium nenhum interesse
material em jogo.
Mais sobre este assunto
poderá se visto em O Livro dos Médiuns – Allan Kardec, Diversidade de Carismas
e Mediunidade – Vida e Comunicação ambos de autoria de Herculano Pires e
Mediunidade: desafios e bênçãos – Manoel Philomeno de Miranda.