segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

O meu olho é ruim porque o seu é bom?



Por que  vês tu, pois o argueiro no olho do teu irmão, e não vês a trave no teu olho? 
Mateus, 7: 3-5.




      As palestras espíritas são um meio para a divulgação da Doutrina e por isso mesmo, é uma mensagem que deve ser transmitida equilibradamente, de forma que, os que estiverem tomando contato pela primeira vez com o Espiritismo, possam ter um entendimento inicial satisfatório.

Por se tratar de uma aula, deve ser bem elaborada, dando ao orador a oportunidade de interagir com a assistência e promover esclarecimentos.

         Porém, temos visto o púlpito espírita ser utilizado por palestrantes para explanar insatisfações pessoais, fazer campanha política, “lavar a roupa suja” com os companheiros da casa, difamar e agredir até mesmo a quem não frequenta o centro.

         Palestrantes que se acham profundos conhecedores da Doutrina Espírita, mas que nunca leram nem mesmo o Evangelho Segundo o Espiritismo, que gostam de serem tratados como irmãos em Cristo, convencidos de que estão em posição de destaque, sentem-se no direito de apontar o dedo, ao que à priori julga ser negativo.

         Assim com um PowerPoint filosoficamente ilustrado, fazem referências a coisas e pessoas que são chamadas de embusteiras, caloteiras e farsantes.

         Amai-vos e Instrui-vos, ensina o Espiritismo, mas ao que tudo indica, estamos passando longe, bem longe do real entendimento desta chamada de atenção...

         Não temos o direito de citar nomes, sejam de pessoas ou empresas e ainda mais sem um conhecimento real a respeito do outro e utilizando adjetivos que desqualificam de forma absolutamente acintosa como se estivéssemos completamente incólumes de sermos também apontados como embusteiros.

         Além de ser uma tremenda falta de caridade, é imoral sendo também algo passível a um processo judicial por calúnia e difamação. Lembremos, quando apontamos um dedo a outrem, temos três voltados para nós...

         Não temos condições de mensurar as razões alheias e julgar sem conhecimento de causa é passar atestado de incompetência. Além disso, queremos justificar nossos erros afirmando que ainda não aprendemos a ser tolerantes... Ora de certa forma, utilizamos o mesmo desculpismo de outrora para dar embasamento legal às nossas ações bizarras, de que “a carne é fraca”.

         Se quisermos realmente amor e instrução em nossas vidas, aprendamos enquanto é tempo a sermos sujeitos espirituais autênticos. Coloquemo-nos no lugar do outro e tentemos entender a sua visão de mundo. Busquemos pensar como ele, ver a vida como ele a vê, perceber seus limites e conhecimentos, os seus porquês e experiências. Desta forma, talvez tenhamos condições de perceber que com o mesmo arcabouço cultural e espiritual, agiríamos igual ou talvez pior.

         Mas, a sede de demonstração de poder e conhecimento ultrapassam as fronteiras do bom senso, pois além da utilização irracional dos mecanismos que deveriam servir para construir, utilizam-se também das redes sociais com a mesma intenção maléfica.

         No centro Espírita os aplausos inflam os egos, no mundo virtual o “like/gosto/curtir” e comentários favoráveis tem a mesma função: dar razão ao irracional que se julga superior.

         Análises unilaterais e desprovidas de lucidez e emoção equilibrada. Se quisermos corrigir o outro, comecemos por nós mesmos.

         Para o bem da verdade, não sabemos nada que possa nos dar subsídios para ostentarmos o título de sábios, mesmo que laureados por um PhD. O conhecimento de ninguém está pronto e acabado, todos nós aprendemos a cada dia um pouco mais, uns com os outros. O conhecimento é uma construção que acompanha o progresso do Espírito, portanto, mais humildade e menos orgulho.  Atentemos para o ditado popular: cautela e caldo de galinha, não fazem mal a ninguém.
          
          

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