Reportando-nos
à história, podemos dizer que o centro espírita tem início em 1858 quando Allan
Kardec funda a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, cujos objetivos eram
o estudo e a pesquisa sobre a mediunidade.
Relatos
dão conta de que o primeiro centro no Brasil surgiu na Bahia em 1865, era o
Grupo Familiar de Espiritismo dirigido por Luis Olímpio Teles de Meneses.
A
partir desse momento multiplicam-se os grupos em Salvador e no Rio de Janeiro. Paralelo ao movimento de fundação de casas
espíritas cresce a popularização da Doutrina, com uma evolução em torno do
sincretismo religioso que vai dar origem ao misticismo que hoje reina em muitas
casas espíritas espalhadas pelo país.
De
acordo com Herculano Pires os espíritas não sabem o que é o Centro Espírita e
quais suas funções, visto que, a uma rápida observação, percebe-se que cultos
sem ligação ao que seja realmente o Espiritismo foram introduzidos. Os núcleos
que deveriam ser de estudos com ênfase na educação do espírito voltaram-se para
o assistencialismo desenfreado, clientelismo, isolamento em termos de aquisição
da cultura espírita, entre outras mazelas que desvirtuam o legado deixado pelos
estudos de Kardec.
Seus
praticantes e seguidores, são adeptos de um ritualismo que lembra a manipulação
religiosa medieval, em torno da salvação da alma, o que demonstra que tem em
si, uma total ignorância sobre o Espiritismo e logo, Kardec não passa de um
ilustre desconhecido.
Há
no Brasil um claro objetivo que é tornar o Espiritismo uma ramificação da
igreja, transformando-o de Doutrina que esclarece sobre a necessidade da
reforma íntima, que elucida que a vida não se acaba no túmulo em mais uma seita
que adormece as mentes formando um séquito de dementes fanatizados.
Raros
são os grupos espíritas onde as pessoas vão para aprender, pois criou-se o
hábito da contrição imediatista, enlevada pelo pieguismo caritativo que cria
necessitados do corpo em detrimento à educação do espírito.
Vemos
nas casas espíritas uma verdadeira barganha com Deus em prol da cura do corpo
físico. Os que são atendidos fazem doações inclusive financeiras e as quantias
que deveriam ser utilizadas para os trabalhos da casa, por vezes tem destino
escuso nas mãos de seus dirigentes.
O
hábito dos beatos de barganhar com Deus em prol da redenção da alma se repete
de modo escandaloso, quando os que se arrependem da falta de fé, resolvem
também fazer doações de altas somas para que possam ver abertas as portas do
reino dos céus.
Em
nada essas práticas tem relação com a Doutrina Espírita que nesses locais se
encontra desprezada e encoberta pelo manto de uma cristandade viciante e
altamente perigosa para os rumos do Espiritismo no Brasil.
Quando
os membros de um núcleo espírita se pautam por um trabalho realmente sério e
comprometido com a herança kardequiana, conteúdos de pretensão mística e doações
pela salvação não são levados em consideração, porque existe a preocupação com
a ponderação inclusive com o exame minucioso de toda e qualquer mensagem que
parta do mundo espiritual.
Em
toda casa, os seus trabalhadores e frequentadores devem primar por aperfeiçoar a
construção moral o que vai lhes garantir que sejam monitorados por espíritos
benevolentes, comprometidos com um trabalho de esclarecimento para os que
chegam sem conhecimento prévio do que é o Espiritismo e carregando males
físicos e espirituais.
Precisamos
de trabalhadores que compreendam a verdadeira essência da Doutrina Espírita e
que façam a sua divulgação de modo satisfatoriamente mais próximo de seus
princípios, sem tantos arroubos emotivos de santificação.
Pelo
que se vê a Doutrina ainda está longe de ser conhecida e ensinada pelos seus
próprios seguidores, que fazem das atividades na casa espírita reflexo de seus
interesses pessoais, de sua falta de estudos e de sua falta de cultura
doutrinária.
Essa
confusão não é nova, em seu tempo, Allan Kardec já comentava sobre o trocadilho
de idéias e charlatanismo para atacar o Espiritismo, o mais interessante nisso,
é que nos dias de hoje, são os próprios adeptos da Doutrina os promotores do
charlatanismo e do trocadilho de idéias.
O
certo é que, tendo sua função desviada de sua verdadeira vocação, os centros
espíritas estão entregues a rezadores e penitentes dispostos a qualquer ação
pela remissão dos pecados e das doenças do corpo.
Refúgio
de almas desorientadas, deste e do outro lado, disseminam a culpa de tudo e
mais alguma coisa nos obsessores sem nenhum compromisso com a verdade
espiritual que constantemente é fraudada e desrespeitada pela falta de
comprometimento daqueles que deveriam zelar pelo bom nome do Espiritismo.
Mais
do que se prestar ao assistencialismo desmedido, o centro espírita é local para
o esclarecimento das mentes ainda soterradas no desconhecimento das Leis
Divinas, é local para a defesa do Espiritismo contra os embustes que pululam
por toda parte, é onde deve estar o estudo sério e consciente sobre os seus
conceitos em relação à natureza do homem mostrando que a Doutrina não pede
a ninguém subordinação, troca de favores
ou obediência cega.
É
o centro espírita responsável por dignificar o ser dando a conhecer que o homem
não veio ao mundo para ser martirizado, que seu destino não é sofrer, mas
educar-se tendo como objetivo o progresso incutido na pluralidade das
existências.
Para
os que se interessam pelo assunto e querem conhecer um pouco mais, recomendo a
obra O centro Espírita, de Herculano Pires, disponível para download no link
abaixo. A todos uma boa leitura!
Muito elucidativo.
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