domingo, 29 de novembro de 2015

Educação Mediúnica e fraude mediúnica.



A bem dizer, a mediunidade não é invenção da Doutrina Espírita. Encontramos referências sobre a mediunidade ao longo da história da humanidade, tendo sido classificada como fenômeno demoníaco ou milagroso. No século XIX, Allan Kardec ao estudar os fenômenos de intercâmbio entre o  mundo dos vivos e o chamado mundo dos mortos, veio mostrar que a mediunidade é uma faculdade natural do homem, que todos a tem em maior ou menor grau e que não é necessário recitar fórmulas para que ela possa manifestar-se promovendo as relações entre os planos terrestre e espiritual. Para que se possa exercitá-la com honestidade e segurança faz-se necessário estudo, equilíbrio, planejamento, organização, ou seja, educação.

O que é educação mediúnica?

A Educação mediúnica é o mecanismo ideal e necessário para que a faculdade possa ser produtiva.  A mediunidade promove o progresso espiritual e uma maior compreensão de mundo; sendo a mediunidade  uma troca edificante de experiências devido ao processo de interação com o mundo dos espíritos, estando esse mecanismo devidamente harmonizado, terá como consequências a prática da caridade e a certeza na sobrevivência após a morte do corpo físico. Mediunidade é comunicação e de acordo com Herculano Pires, se desenvolve de modo natural naqueles que apresentam uma maior sensibilidade para captar as energias que partem do plano espiritual.

Ainda citando Herculano, a mediunidade é um fenômeno sempre em movimento, que se atualiza através dos pressentimentos e previsões, mesmo as mais simples.

O contato com o mundo espiritual é permanente e segundo Kardec, ele se dá durante o estado de vigília e também durante o sono.

Conclui Herculano que a mediunidade é a manifestação do espírito através do corpo, pois durante o ato mediúnico manifesta-se tanto o próprio espírito do médium quanto o espírito que dele se aproxima para dar sua comunicação.

No entanto, para que este processo possa se dar sem problemas de grandes proporções, existe a necessidade de promover a disciplina desse processo de relação que é a educação mediúnica.

Manoel Philomeno de Miranda recomenda que o desenvolvimento mediúnico deve ser permitido apenas àquele que adquira conhecimento lógico e lúcido através do estudo de O Livro dos Médiuns, ou seja, àquele que busque educar seu modos e visão sobre a mediunidade a fim de que possa aprimorar-se visto ser uma disposição orgânica profundamente arraigada aos valores morais do Espírito.

Quem se propõe desenvolver sues dons mediúnicos deve estar ciente que precisa trabalhar seu caráter e seus pendores morais pois quanto mais esclarecido caminhará na observância de si mesmo detectando onde ainda precisa melhorar-se.

A educação mediúnica é para toda a vida, é processo de lucidez e discernimento, sem isso, não consciência plena há apenas mistificação e personalismo.
Para que serve a educação mediúnica?

Para tornar proveitoso e produtivo o ato mediúnico, serve para o médium controlar os seus e os impulsos da entidade comunicante, serve para promover a segurança e o respeito ao próximo.  A questão é que muitos médiuns não veem como necessário educar-se por julgar que sendo médium tem conhecimento sobre tudo o que diz respeito ao Espiritismo. Para estes a mediunidade é uma espécie de santificação, tornam mítico e falso um ato puramente natural.  A mediunidade não é um instrumento para o médium julgar-se melhor que os outros, pelo contrário, é um instrumento que vem para ajudar na reforma íntima do indivíduo que almeja progresso espiritual.

Sem educação mediúnica as criaturas estão muito mais propensas a julgar-se um deus e a fingir uma comunicação. Muitos por sentirem vergonha de sentar a uma mesa mediúnica e não conseguir contato com o além e outros por má fé. Ambos são perigosos, mas o pretenso espírita que age de má fé não só demonstra sua falta de caráter como põe em ridículo a Doutrina. Se a mediunidade é um fenômeno espontâneo, mais ainda o deve ser o médium que é um ser humano e espiritual em processo de aprendizado. Fingimento é artifício de indivíduos desonestos.

Podemos pensar que são poucas as pessoas que se dão a tais ações, mas infelizmente, a assertiva não é verdadeira.  O médium mistificador e mentiroso se encontra em qualquer lugar, este caracteriza-se por fingir, premeditar de modo consciente que se encontra sob transe mediúnico. Na realidade inventa uma comunicação para tentar ridicularizar os companheiros de trabalho, ou como já citado, para não se sentir constrangido por não ter uma mediunidade mais ostensiva.

Não se pode confundir fraude com animismo. O animismo é uma expansão do próprio espírito do médium, são incursões em seu subconsciente a fraude é fingimento, é trapaça.

Os espíritos advertem através de Kardec que as fraudes podem ter consequências desagradáveis, as pessoas que assim agem, coloca Kardec, são gracejadores de mau gosto e se fazem mais presentes em reuniões levianas e frívolas, pois em locais sérios só se admitem pessoas também sérias.

O médium sem educação e que se compraz em fraudar a ação mediúnica deve ser tratado e conscientizado de sua necessidade de instruir-se e suas comunicações  ou mensagens escritas devem ser submetidas a criterioso exame critico e lúcido a fim de verificar se tem objetividade ou se não passam de parvoíces ilustradas do próprio médium em seu processo de tapeação.  O exercício fraudulento da mediunidade parte de pessoas que bem pouco compreendem a necessidade de burilamento moral, revelam sua condição de ignorância.
            
           A educação da mediunidade, seu estudo e compreensão da reforma moral, podem estimular a que se trabalhe o intercâmbio com o mundo invisível de modo seguro e sem simulações. Mas, diz Kardec, este processo poderá ocorrer desta forma se não houver por parte do médium nenhum interesse material em jogo.


Mais sobre este assunto poderá se visto em O Livro dos Médiuns – Allan Kardec, Diversidade de Carismas e Mediunidade – Vida e Comunicação ambos de autoria de Herculano Pires e Mediunidade: desafios e bênçãos – Manoel Philomeno de Miranda.

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